sábado, 25 de dezembro de 2010

Cria-se “Rato, rato, rato, quem os tiver já não passa sem dinheiro”

Um texto que mostra os criadores de ratos em 1902 e trazem ao no cotidiano em 2010 os novos criadores de ratos. "Alguns tentam eliminar os ratos outros os criam", poderiamos comparar à "Reforma Agrária dos com terra" e do "Bolsa Familia para a Classe Média".



Em 1902, depois de uma epidemia de peste bubônica no Rio de Janeiro, o recém-nomeado diretor da Saúde Pública, o médico Oswaldo Cruz, lançou uma grande campanha para reduzir o número de ratos, que proliferavam nas favelas, cortiços e bairros pobres da cidade – a doença transmite-se através de pulgas alojadas nos roedores.

Um esquadrão de 50 “homens da corneta” passou a percorrer os bairros pobres espalhando raticida, removendo lixo e pagando à população cem réis por bicho morto. Chegou-se a criar o cargo público de “caçadores de ratos”. Estima-se que 10 milhões de animais tenham sido abatidos. As medidas sanitárias desencadearam uma enorme onda de comércio de ratos, havendo, inclusive, quem tenha passado a criá-los com o objetivo de vendê-los às autoridades.

Para solucionar o problema da peste bubônica tomou-se uma medida que de imediato pareceu eficiente, mas que com o tempo se tornou um meio de vida para muito cariocas:
Para acabar com os ratos do Rio de Janeiro e erradicar a peste bubônica que eles transmitiam (...). Montou-se brigadas mata-ratos. A tarefa de cada voluntário era eliminar cinco roedores por dia. Para cada rato caçado (...) recebia-se 300 réis do governo. (...) Foi uma mina de ouro para os malandros. De olho na recompensa, houve quem se especializasse na criação doméstica de ratos que eram vendidos ou depois abatidos e trocados por dinheiro.

Logo, percebemos que o comércio dos roedores foi descoberto, muitos dos envolvidos foram presos. E a idéia de Oswaldo Cruz não prosseguiu.


“Rato, rato, rato
Assim gritavam os compradores ambulantes
Rato, rato, rato,
Para vender na academia aos estudantes
Rato, rato, rato
Dá bastante amolação
Quando passam os garotos, todos rotos
A comprar rato, capitão

Quem apanha ratos?
Aqui estou eu para comprar, para comprar
Ratos baratos
São necessários para estudar, para estudar
Já que vens saber
Que este viver é minha sina
Rato, rato, rato, rato
Na parada da vacina

Rato, rato, rato
Só se vê aqui no Rio de Janeiro
Rato, rato, rato
Quem os tiver já não passa sem dinheiro
Rato, rato, rato
É a nossa salvação
Pra esses nossos malandrotes não passarem
Todo dia sem o pão

Tem vendedor que compra ratos
Nunca tive um casamento
Nem procuro trabalhar
Ratos quando estou em casa estou prendendo
Ratos que no outro dia estou vendendo
Com (...) que é desconhecido
Nem por isso meu negócio assim produz
Tem que trazê-lo na memória,
O belo tempo de glória, dr.Oswaldo Cruz

Rato, rato, rato
Assim gritavam os compradores ambulantes
Rato, rato, rato,
Para vender na academia aos estudantes
Rato, rato, rato
Dá bastante amolação
Quando passam os garotos, todos rotos
A comprar rato, capitão(?)”
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(1) “Rato, rato, rato/ Qual o motivo porque roeste o meu baú/
Rato, rato, rato/ Audacioso e malfazejo gabiru/ Rato, rato, rato/ Eu só desejo ver o dia afinal/ Que a ratoeira te persiga e consiga/ Satisfazer meu ideal/ Quem te formou?/
Foi o diabo, não foi outro, podes crer/ Quem te gerou?/
Foi uma sogra pouco antes de morrer/ Quem te criou?/
Foi a vingança, digo eu/ Rato, rato, rato/ Emissário do judeu/ Quando a ratoeira te pegar/ Monstro covarde não te ponhas a gritar, por favor/ Rato velho descarado roedor/ Rato velho como tu faz horror/ Nada valerá teu qui-qui/ Morrerás e não terás quem chore por ti/ Vou provar-te que sou mau/ Meu tostão é garantido/ Não te solto nem a pau”

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