sábado, 27 de agosto de 2011

O GOVERNO PARALELO DE DIRCEU. E DILMA SABE DE TUDO!

Dá pra entender o estresse de ontem de José Dirceu. A reportagem de capa da revista VEJA revela que membros do primeiro escalão do governo, dirigentes de estatais e parlamentares - INCLUSIVE UM DA OPOSIÇÃO - se ajoelham aos pés do cassado, a quem ainda chamam de “ministro” e prestam reverências. É isto mesmo: o deputado defenestrado, o homem processado pelo STF e acusado de ser chefe de quadrilha é tratado por figurões de Brasília como um chefão — o Poderoso Chefão. Dirceu está bravo porque a reportagem é devastadora para a reputação da República e deveria ser também para ele e para aqueles que fazem a genuflexão. Vamos ver. Uma coisa é certa: a presidente Dilma sabe de tudo; tem plena consciência de que seu governo é assombrado e monitorado — às vezes com tinturas claras de conspiração — por um ficha-suja.

A reportagem de Daniel Pereira e Gustavo Ribeiro está entre as mais importantes e contundentes publicadas nos últimos anos pela imprensa brasileira. Ela desvenda o modo de funcionamento de uma parte importante do PT e os métodos a que essa gente recorre. E traz detalhes saborosos: podemos ver as imagens das “autoridades” que vão até o “gabinete” de Dirceu, montado no Naoum, um hotel de luxo de Brasília, onde se produz, nesse caso, o lixo moral da República. VEJA conseguiu penetrar no cafofo do Muammar Kadafi da institucionalidade brasileira. Eis alguns flagrantes.



Dirceu chegando ao bunker. Pimentel e os senadores Walter Pinheiro, Delcídio Amaral e Lindbergh Farias: operação derruba-Palocci

Dirceu chegando ao bunker. Pimentel e os senadores Walter Pinheiro, Delcídio Amaral e Lindbergh Farias: operação derruba-Palocci


Anotem alguins nomes cargos e dia do encontro:

- Fernando Pimentel, Ministro da Indústria e Comércio (8/6);


- José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras (6/6);

- Walter Pinheiro, senador (PT-BA) - (7/6);

- Lindberg Farias, senador (PT-RJ) - (7/6);

- Delcídio Amaral, senador (PT-MS) - (7/6);

- Eduardo Braga, senador (PMDB-AM) - (8/6);

- Devanir Ribeiro, deputado (PT-SP) - (7/6);

- Candido Vaccarezza, líder do governo na Câmara (PT-SP) - (8/6);

- Eduardo Gomes, deputado (PSDB-TO) - (8/6);

- Eduardo Siqueira Campos, ex-senador (PSDB-TO) - (8/6)


Esses são alguns dos convivas de Dirceu, recebidos, atenção!, em apenas 3 dias — entre 6 e 8 de junho deste ano. Leiam a reportagem porque há eventos importantes nesse período. É o auge da crise que colheu Antonio Palocci. Ele caiu, é verdade, por seus próprios méritos — não conseguiu explicar de modo convincente o seu meteórico enriquecimento. Mas, agora, dá para saber que também havia a mão que balançava o berço. Uma parte da bancada de senadores do PT tentou redigir uma espécie de manifesto em defesa do ministro, mas encontrou uma forte resistência de um trio: Delcídio Amaral, Walter Pinheiro e Lindbergh Farias - os três que foram ao encontro de Dirceu no tarde no dia 7. À noite, Palocci pediu demissão.


Dirceu, então, mobilizou a turma para tentar emplacar o nome de Cândido Vaccarezza para a Casa Civil. O próprio deputado foi ao hotel no dia 8, às 11h07. Naquela manhã, às 8h58, Fernando Pimentel já havia comparecido para o beija-mão. A mobilização, no entanto, se revelou inútil. Dilma já havia decidido nomear Gleisi Hoffmann.


VEJA conversou com todos esses ilustres. Afinal de contas, qual era a sua agenda com Dirceu? Gabrielli, o presidente da Petrobras, naquele seu estilo “sou bruto mesmo, e daí?”, respondeu: “Sou amigo dele há muito tempo e não tenho de comentar isso”. Não teria não fosse a Petrobras uma empresa mista, gerida como estatal, e não exercesse ele um cargo que é, de fato, político. Não teria não fosse Zé Dirceu consultor de empresas de petróleo e gás. Dilma não tem a menor simpatia por ele, e Palocci já o havia colocado na marca do pênalti. Mais um pouco de interiores?



Sérgio Gabrielli, Eduardo Braga e Devanir Ribeiro. Atenção! Este último é lulista...

Sérgio Gabrielli, Eduardo Braga e Devanir Ribeiro. Atenção! Este último é lulista...



Não está na lista de hóspedes. E a máfia

O governo paralelo de Dirceu ocupa um quarto no hotel Naoum. Seu nome não consta da lista de hóspedes. A razão é simples. Quem paga as diárias (R$ 500) é um escritório de advocacia chamado Tessele & Madalena, que também responde pelo salário de Alexandre Simas de Oliveira, um cabo da Aeronáutica que faz as vezes, assim, de ajudante de ordens do petista. Um dos sócios da empresa, Hélio Madalena, a exemplo de Oliveira, já foi assessor de Dirceu. O seu trabalho mais notável foi fazer lobby para que o Brasil desse asilo ao mafioso russo Boris Berenzovski. Essa gente sempre está em boa companhia. Foi de Madalena a idéia de instar a segurança do Hotel Naoum a acusar o repórter de VEJA de ter tentado invadir o quarto alugado pela empresa, mera manobra diversionista para tentar tirar o foco do descalabro: um deputado cassado, com os direitos políticos suspensos, acusado de chefiar uma quadrilha, montou um “governo paralelo”. A revista já está nas bancas. Leia a reportagem, fartamente ilustrada, na íntegra.


Abaixo, segue um quadro com todas as áreas de “atuação” do “consultor de empresas privadas” e “chefe de quadrilha”, segundo a Procuradoria Geral da República. Se Dilma não agir, será engolida. Poderia começar por demitir Pimentel e Gabrielli. Ou manda a presidente, ou manda José Dirceu.


dirceu-tentaculos



Por Reinaldo Azevedo

domingo, 21 de agosto de 2011

Corrupção - Trailer by UtopiaFilmesPT



Num país, uma rede de corrupção que envolve a classe política e autárquica, opera a partir do território inexpugnável do futebol. O sistema é de favores. A teia é de cumplicidades. Dirigentes desportivos, presidentes de Câmaras, dignitários do Estado, jornalistas, polícias, juízes, magistrados protegem-se uns aos outros. Silenciam e afastam todas as vozes discordantes. Há um rol de agressões misteriosas. A impunidade reina. As tentativas de fazer a lei prevalecer são sistematicamente condenadas ao fracasso. Os processos são arquivados. Juízes, magistrados, polícias e jornalistas honestos perdem as suas posições perante a indiferença geral. Até ao dia em que uma rapariga decide publicar um livro. O livro causa uma reacção na sociedade ...

Dilma se veste de caipira, e outro ministro vai para roça

sábado, 20 de agosto de 2011

Gravações da polícia mostram que, quando estava no Ministério da Pesca, Ideli Salvatti negociou cargos no DNIT

EXCLUSIVO
Gravações da polícia mostram que, quando estava no Ministério da Pesca, Ideli Salvatti negociou cargos no DNIT e lutou para manter um dirigente acusado de irregularidades. As conversas foram com o presidente local do PR, hoje preso por pedofilia

Claudio Dantas Sequeira


Ouça a conversa entre a então ministra da Pesca, Ideli Salvatti, e o presidente PR em Santa Catarina, Nelson Goetten

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ESTILO

Nos grampos da polícia a ministra revela como luta

para manter seus feudos no Ministério dos Transportes


"Eu tô apavorada com essa movimentação. Apavorada!"

Ideli, sobre a possibilidade de seu afilhado político ser afastado do DNIT


Durante a investigação de um crime de conotação sexual, a Polícia Civil de Santa Catarina usou o Sistema Guardião para, durante quatro meses, gravar as conversas telefônicas dos envolvidos. Essas gravações acabaram registrando conversas que nada tinham a ver com a investigação, mas contam com alto teor político. Os grampos revelam os diálogos que o principal investigado, o ex-deputado Nelson Goetten, então presidente do PR catarinense, manteve com diversas autoridades, entre elas a então ministra da Pesca, Ideli Salvatti. As gravações das conversas de Ideli com Goetten mostram a íntima relação entre os dois e aconteceram no dia 18 de abril. Duraram pouco mais de dez minutos. Foi a ministra quem ligou para o celular do ex-deputado, que estava sendo monitorado pela Polícia Civil, com autorização da Justiça. Ideli, hoje ministra das Relações Institucionais, não estava defendendo apenas um de seus indicados para cargos públicos. Ela defendia um administrador acuado por denúncias de irregularidades e com a cadeira disputada por outros petistas de Santa Catarina. O engenheiro João José dos Santos, desde 2003 superintendente do DNIT catarinense, até agora escapou incólume da faxina ética promovida pela presidente Dilma Rousseff na pasta dos Transportes. Mas pesa contra ele uma série de suspeitas (leia quadro). O TCU, por exemplo, já apontou indícios de superfaturamento em obras importantes, como a BR-101. E o Ministério Público Federal abriu investigações para apurar atrasos e inexplicáveis aditivos nos contratos das obras de ampliação de várias rodovias tocadas pelo departamento chefiado por Santos. Sua gestão é um retrato acabado da situação que provocou a razia oficial sob o comando do Ministério dos Transportes.


"Nós garantimos aquele dinheiro para iniciar a obra da duplicação...

Eles não tomaram as providências legais para iniciar.

E, não iniciando, a gente perde o dinheiro"


Ideli reclama da ineficiência de seu protegido


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SUPERFATURAMENTO

Obra da BR-101, comandada por João José, é alvo de

investigação do TCU e do Ministério Público Federal


O parceiro da cruzada por João José dos Santos, o agora presidiário Nelson Goetten, foi um dos principais apoiadores da campanha de Ideli para o governo de Santa Catarina em 2010 (ela perdeu a eleição para Raimundo Colombo, do PSB, ficou sem mandato no Senado e acabou premiada com o Ministério da Pesca). Segundo um cacique do PR, Goetten se apresentava como arrecadador da campanha. Ele diz ainda que, depois que virou ministra, Ideli dividia com Goetten o controle dos projetos do DNIT em Santa Catarina. O ex-deputado sempre teve acesso ao gabinete da ministra, a quem tratava como amiga. Eles estavam juntos, como mostra a gravação da polícia, para enfrentar a articulação capitaneada pelo ex-deputado Claudio Vignatti, rival de Ideli no PT estadual e até então o número dois na Secretaria de Relações Institucionais, que pleiteava no Planalto o posto de João José dos Santos. Em grampos de conversas com outros interlocutores, Goetten tratava do assunto sem cerimônias. “Vão ter que passar por cima de mim e da Ideli, cara!”, diz o ex-deputado para seu secretário Sérgio Faust. Segundo ele, a indicação era fruto de um acerto entre PT e PR. “Eu avisei o Luis Sérgio (então ministro de Relações Institucionais): se romperem o acordo, nem o capeta vai me fazer sentar com o PT de novo”, afirmou Goetten.


"Não preciso fazer nada. É trabalhar nos ouvidos de quem precisa saber das coisas"

Ideli revela a estratégia que adota nas articulações




Goetten também mantinha contatos frequentes com Claudinei do Nascimento, ex-coordenador de campanha e homem de confiança de Ideli. Hoje secretário-executivo de Relações Institucionais, Claudinei do Nascimento era chefe de gabinete no Ministério da Pesca. Em 12 de maio, às 10h49, ele telefona a Goetten para avisá-lo de que fora promovido a secretário-executivo da pasta após demissão de Evandro Gonçalo, acusado de direcionar emendas parlamentares para Santa Catarina sem autorização de Ideli. “Melhor para nós. Você e ela têm uma relação muito forte”, comemora o ex-deputado. Na sequência, Nascimento diz que a ministra pediu para avisá-lo que Gilberto Carvalho estaria em Florianópolis no dia seguinte. “A hora que tu falar com o Nelson vê com ele para a gente arrumar uma conversa com o Gilberto”, pediu Ideli, segundo o secretário. Em outra ligação, Nascimento recomenda que Goetten não telefone para o celular usado por Ideli em Santa Catarina e fornece o número de Brasília.



As relações de Ideli e com o presidente do PR catarinense não eram segredo para ninguém. Em 12 de maio, às 17h41, Goet­ten ligou para o também ex-deputado José Carlos Vieira (PR), e num diálogo cifrado avisou que estaria em Brasília. “Está combinado um jantar com a Ideli, o Ederaldo e o Pagot, na casa do Ederaldo”, afirma. Goetten se referia a Hideraldo Caron, petista que ocupava a direção de infraestrutura rodoviária. É atribuído a Caron, que acabou caindo por pressão do PR, o controle da obra de duplicação da BR-101, entre Palhoça (SC) e Osório (RS). A rodovia com 348 quilômetros de extensão já recebeu em seis anos 268 termos aditivos que aumentaram o custo do empreendimento em R$ 317,7 milhões. Ao todo, o governo federal já gastou na ampliação da BR-101 quase R$ 2 bilhões, cifra que deve subir com a construção de novos túneis e pontes que não estavam previstos no projeto original. A BR-101 é alvo de várias auditorias no TCU. Em 2009, o tribunal incluiu a obra na lista de irregularidades graves e determinou ao DNIT a retenção do pagamento de R$ 3,1 milhões, proibindo reajustes em contratos que já estivessem em andamento.



João José dos Santos, o protegido de Ideli, é acusado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) de má gestão. Projetos recheados de falhas e uma fiscalização precária têm provocado atrasos nas obras e criado um emaranhado de trocas de empreiteiras, que abandonam as obras depois de embolsar parte do orçamento ou se alimentam de constantes aditivos. O lote 26, de 28,6 quilômetros de extensão entre os municípios de Tubarão e Sangão, foi aditivado 12 vezes, elevando o preço da obra em 24,99% (o limite legal é de 25%), de R$ 92,6 milhões para R$ 115,8 milhões. As obras nesse trecho se arrastam desde 2005 e ainda não foram concluídas pela construtora Triunfo, que também teve problemas com sobrepreço nas obras do lote 29, entre Araranguá e Sombrio. Neste caso, o DNIT acabou rescindindo o contrato, e teve que abrir nova concorrência. Apesar das irregularidades, a Triunfo virou sócia da concessionária de pedágio do trecho da BR-101 que passa no Rio Grande do Sul. O caso está sendo investigado pelo procurador federal Celso Três. “Além das vidas perdidas em decorrência dos atrasos na obra, a lentidão e os problemas verificados na duplicação da BR-101 trazem prejuízos incalculáveis para a economia catarinense e de todo o Sul do País”, alerta o presidente da Fiesc, Glauco José Corte.


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EM CAMPANHA

Em outubro de 2010, Goetten fez campanha eleitoral ao lado da ministra Ideli


Outra obra suspeita, sob responsabilidade de João José dos Santos, é a duplicação da BR-280, incluída no pacote de projetos suspensos pela presidente Dilma Rousseff no início de julho. Com uma extensão de 73,9 quilômetros, a rodovia foi orçada inicialmente em R$ 941 milhões. O valor depois foi revisto para R$ 885 milhões. O procurador do Ministério Público Federal, em Joinville, Mário Sérgio Barbosa, instaurou inquérito civil para apurar suspeita de direcionamento na concorrência. Não é a primeira vez que a estrada apresenta problemas. Em auditoria realizada em 2009, em obras de recuperação da BR-280, os técnicos do TCU descobriram que as “distâncias médias de transporte” (DMT) utilizadas no projeto e orçamento do lote 1 da licitação eram superiores às reais, havendo sobrepreço de R$ 4,1 milhões. Antes que o Tribunal deliberasse pelo saneamento da irregularidade, o Dnit rompeu o contrato com a empreiteira e abriu nova licitação. Os técnicos também questionaram por que o cimento para a obra estava sendo adquirido em Curitiba e não em Florianópolis, que seria mais barato. Com a rescisão do contrato, o processo foi arquivado e João José não precisou dar mais explicações. No MPF de Santa Catarina há outros inquéritos em curso. Um deles apura a omissão na recuperação e na fiscalização das rodovias BR-163, BR-292 e BR-158. A Procuradoria catarinense também instaurou inquérito para investigar denúncia de superfaturamento na obra emergencial da ponte sobre o rio Hercílio Luz, no km 117 da BR-470, no valor de R$ 13 milhões. Além das rodovias, o MPF investiga um possível favorecimento de empreiteiras e transportadoras com o atraso do DNIT na instalação dos postos de pesagem, que impede a fiscalização e acarreta prejuízo para os cofres públicos. Pelo que se vê, a então ministra da Pesca, Ideli Salvatti, ao apadrinhar João José dos Santos, estava pescando em águas turvas. 



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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Oposição lança campanha para CPI na web


A ideia é fazer com que o cidadão possa pressionar e fiscalizar os parlamentares para a criação da comissão
Da Redação, com Agência Brasil noticias@band.com.br
Partidos de oposição lançaram hoje o movimento pela criação da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Corrupção. A ideia é fazer com que o cidadão possa pressionar e fiscalizar os parlamentares para a criação da CPMI cujo objetivo é investigar as denúncias de corrupção no governo federal.

“A CPMI terá esse papel, investigar tudo amplamente”, disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). “[A comissão] Será suprapartidária, tanto é que já conta com assinaturas de diversos partidos: PCdoB, PMDB, PV, PP, PSC. Todos da base do governo”, completou.
SITE PARA ASSINATURAS -

Participe desta campanha coloque no seu twitter, facebook, orkut o selo para buscar mais respeito ao dinheiro público. Clique aqui

sábado, 13 de agosto de 2011

Zona de Rebaixamento: Síntese de um Ministério Desclassificado


Principais trechos da entrevista coletiva de Paulo de Tarso Teixeira, diretor executivo da Polícia Federal de Brasília.


Merval Pereira comenta insatisfação da PF com críticas


Deputada do Amapá suspeita de desvios nasceu em presídio

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1308201111.htm
Deputada do Amapá suspeita de desvios nasceu em presídio

ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

Responsável pela destinação de milhões de reais para a ONG que desviou recursos do Ministério do Turismo, a deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) é conhecida no Congresso por sua história parecer enredo de filme.
A mãe engravidou dela quando estava presa por homicídio, em Macapá (AP). Ela matou o marido depois de descobrir que ele a traía com a sua vizinha.
A futura deputada só saiu do presídio quando tinha cinco anos, graças a um indulto de Natal. Com a ajuda das irmãs mais velhas, formou-se em sociologia.
No quinto mandato como deputada federal, Pelaes foi acusada por presos na Operação Voucher de ficar com parte do dinheiro desviado do Turismo, o que ela nega.
Sua história foi revelada em 2010, durante uma reunião da Câmara que discutia a legalização do aborto.
Numa fala emocionado no Congresso, ela contou que sua mãe poderia ter optado pelo aborto, mas não o fez.
"Ela já tinha cinco filhos, um estava com ela na penitenciária, e ali ela foi abusada. E esta mulher que está aqui hoje nasceu e não sabe quem é seu pai", relatou.
O procurador do Amapá pediu à Procuradoria-Geral da República que analise a suspeita envolvendo Pelaes.
Como ela tem foro privilegiado, caberá à Procuradoria-Geral da República denunciá-la ou não ao Supremo Tribunal Federal.
Depoimentos de presos pela PF apontaram que a deputada se beneficiaria de parte dos recursos públicos liberados de suas próprias emendas ao Orçamento da União. Ela afirma que as acusações são "caluniosas".

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Acusados usavam sala de ministério, diz escuta da PF e Filho de ministro do TCU coordenava defesa



Filho de ministro do TCU coordenava defesa

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

Escutas da Polícia Federal revelam que os acusados de desvio de verbas no Turismo tinham livre acesso ao Ministério para, segundo a investigação, fraudar prestação de contas dos convênios.
Segundo diálogos obtidos pela Folha, os donos da ONG Ibrasi chegaram a usar a sala do assessor do secretário-executivo da Pasta, Frederico da Silva Costa, chamado de "bambambã" e "reverendo", para combinar uma defesa às investigações do TCU (Tribunal de Contas da União).
As gravações mostram que a estratégia era coordenada pelo advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do TCU Aroldo Cedraz, e seu sócio Romildo Olgo.
Os documentos apresentados pelo ministério e pela entidade ao TCU deveriam ficar "de acordo".
Ainda segundo o relatório da PF, Luiz Gustavo Machado, diretor do Ibrasi, e um dos seus subcontratados se reuniram com Antônio dos Santos Junior, assessor de Frederico, no 2º andar do Ministério no dia 31 de maio.
Dois dias depois, ao lembrar a reunião, Machado e o empresário comentam, em telefonema, que um dirigente do ministério "está muito preocupado".
Machado e Junior agendam uma reunião com a participação do número 2 do ministério e do "dr. Cedraz", que a PF afirma ser o filho do ministro do TCU.
"Temos uma novidade boa. Ficou marcada uma reunião aqui para quarta-feira, com o dr. Fred, o dr. Milton mais o dr. Cedraz", diz Machado no áudio.
À Folha, o filho do ministro disse que o Tiago citado nos áudios é outro advogado de seu escritório. E negou atuação no caso.
Segundo relatório da Polícia, o encontro foi frustrado por coincidir com a data da posse da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
O uso da estrutura do ministério nas fraudes apontadas pela Polícia Federal também envolveram missões oficiais de servidores do ministério a Macapá para tratar de supostos acertos sobre os convênios irregulares.

Copa era alvo de esquema, afirma juiz


Principais nomes do ministério presos pela PF têm ligações diretas com a preparação do Mundial e da Olimpíada

MARIA CLARA CABRAL
FILIPE COUTINHO
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

O esquema que usou empresas falsas para desviar dinheiro em convênio com o Ministério do Turismo planejava fraudar e lucrar com os programas de capacitação do governo para a Copa-2014 e a Olimpíada-2016, segundo as justificativas do Ministério Público Federal para pedir as prisões na Operação Voucher esta semana.
O argumento foi endossado pela Justiça Federal. Foram presos servidores do ministério e empresários investigados no esquema que, segundo a PF, fraudou um convênio de R$ 4,4 milhões.
No total, o ministério planeja investir R$ 257 milhões e treinar 230 mil pessoas para receber turistas durante a Copa do Mundo.
Ao determinar a prisão dos envolvidos, o juiz federal Anselmo Gonçalves da Silva afirma que a Copa iria "potencializar fraudes" no programa de capacitação.
Esse foi o canal utilizado pelo esquema para, segundo a PF, simular treinamentos e desviar dinheiro.
"Fica evidente que as ações são reiteradas, sendo certo que a proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas, com forte repercussão na área do turismo, poderia redundar na potencialização dessas fraudes", escreveu o juiz ao justificar o pedido de prisão preventiva.

PLANEJADORES
Os principais nomes do ministério que foram presos pela PF na operação têm ligações diretas com a preparação dos eventos.
São eles: Frederico Costa, secretário-executivo do ministério, Colbert Martins, secretário de Desenvolvimento do Turismo, e Mário Moysés, ex-presidente da Embratur.
Frederico e Colbert são os responsáveis pelo programa Bem Receber Copa, destinado a capacitar profissionais da área para receber os turistas durante os jogos, vinculado à secretaria de programas de desenvolvimento.
Mário Moysés, por sua vez, aguardava a indicação para trabalhar na APO (Autoridade Pública Olímpica), parceria do governo federal com o Estado e município do Rio.

OUTRO LADO
Os advogados de Frederico, Colbert e Moysés negam envolvimento de seus clientes e dizem que as prisões são injustificadas.
O Ministério do Turismo informou, em nota, que o programa Bem Receber Copa está em andamento e tem controles realizados pela CGU (Controladoria Geral da República) e pela Fundação Getulio Vargas.
Segundo o Ministério Público Federal, a proximidade com a Copa e o alto volume a ser investido pela pasta é um dos motivos para fundamentar a prisão dos envolvidos no esquema de desvio de dinheiro e, assim, "extirpar as raízes" do grupo durante a preparação dos jogos.
"Sabe-se que parte desses recursos investidos [na Copa e Olimpíada] passará pelo Ministério do Turismo, exatamente onde a organização finca as suas raízes, razões a mais, portanto, para extirpá-la", escreveu o procurador Celso Leal em seu parecer.
Segundo investigação da PF, os R$ 4 milhões do Turismo que deveriam treinar pessoas no Amapá foram desviados por meio de todo o tipo de fraude, incluindo ONGs de fachada, notas fiscais falsas e a conivência de funcionários públicos.