terça-feira, 22 de março de 2011

Vereador Nelsão (PMDB) agride outro parlamentar durante sessão



Imagens da Sessão Ordinária da Câmara de Vereadores de Campo Largo da uiltima segunda-feira (21/03) mostram o vereador Nelsão (PMDB) desferindo uma cabeçada contra o rosto do vereador Wilson Andrade (PSB).

http://www.cmcampolargo.pr.gov.br/quadro-funcional/quadro-atual-de-funcionarios/
Gabinete Vereador Nelson Silva de Souza

Roberto Czuchraj Junior - Assessor Comunitário II

Elenice Venâncio Pereira - Assessor Parlamentar

Léia Regina Nascimento – Assessor Parlamentar


http://vereadornelsao.blogspot.com/2011/03/entre-literatura-e-politica-entrevista.html

Entre a literatura e a Política - entrevista Jornalista Marcos H. Guimarães.
Jornalista e militante,voluntário do mandato, Marcos H. Guimarães irá lançar um novo livro, de poesias, em julho e fala para o Blog do Nelsão sobre a conciliação destas duas facetas de sua vida.

Blog do Nelsão – Como o senhor começou a sua carreira como jornalista?

Marcos H. Guimarães – Acho que comecei minha carreira lá no interior, quando fui morar com meus avós, por motivos econômicos, já que nossa família era muito simples e estávamos passando por dificuldades na Capital. Meu pai e minha mãe não tinham como alimentar quatro bocas. Eu tinha uns dezesseis anos. Uma vez li um jornal, e pensei: eu vou ser jornalista um dia.

Blog do Nelsão – Assim do nada?
Marcos H. Guimarães – Assim do nada, porque vim de uma família onde, apesar da simplicidade, havia uma forte veia literária. Meu tio avô havia sido correspondente de um jornal, e minha família por parte de pai vivia metido em literatura, poesia, escrever, este tipo de coisa. Eles recitavam poemas que eles mesmo faziam ou de outros de cabeça. Meu avô, aos 80 anos fazia isto. Todos eram autodidatas. Meu avó, um Getulista fervoroso, tinha na cabeceira o livro “Cidadão do Mundo”. Falava três idiomas, espanhol, ucraniano e polonês, e gostava de escrever, tinha uma memória impressionante. Lembro que um dia ele sentou ao meu lado e começou a falar de um tal de Fernando Tampóvski de Oliveira, acho que o nome era esse, e eu perguntei quem era esse sujeito, e ele falou que era de um aviador brasileiro da Segunda Guerra, um herói nacional. Eu não sei de onde ele tirava tudo aquilo, sem nunca ter estudado nada. Ele havia aprendido tudo sozinho e morava num casebre. Minha vó era filha de um pastor protestante inglês e havia optado por morar com um caboclo, que era meu avô. Era engraçado este choque de culturas, porque por parte de mãe e avôs paternos, nossa família tem fortes traços indígenas. Meu pai era um carroceiro e tenho gravado na memória quando saíamos aí pelas cinco horas da manhã, e íamos ao Mercado Municipal de carrocinha, comprar verduras, e nos dias de chuva quando o chapéu do velho caia, ele dizia, desce moleque buscar o meu chapéu...Meu pai não tinha muita cultura, fez só o primário, mas comprava todo tipo de livros e dizia: “Leia rapaz, porque eu quero que você seja melhor do que eu”. Ele comprou uma vez uma enciclopédia, onde eu li tudo sobre a Revolução Francesa, a história universal. Além disso, nossa tradição protestante nos obrigava a ler, e eu lia de tudo, desde a história das religiões até almanaque Renascim. A gente criava patos, galinhas, porcos e tinha um cavalo. Plantávamos milho, mandioca, feijão....

Blog do Nelsão – E como você conseguiu realizar o teu sonho?

Marcos H. Guimarães – Bom, eu fiz de tudo um pouco. Colhi roça, carpi roça, lavei chão, fui Office-boy, serviços gerais, porteiro, atendente de enfermagem, estudei praticamente a vida toda em escola pública. Os dois anos finais do segundo grau fiz no colégio Unificado, que era particular, mas um colégio simples, eu saia dum estágio da Caixa Econômica, nem jantava e ia direto para a aula. Quando acabou o estágio, eu estudei em troca de distribuir folhetos para o colégio nas ruas. Eu sabia que o ensino das escolas públicas era deficitário e, então, não restava alternativa. Passei no vestibular mais difícil que a UFPR já fez, quando houve o maior número de reprovados da história do vestibular , e tiveram que mudar as regras, de tanta gente que reprovou. Lembro que do colégio, eu fui o único que passou na Federal...



Blog do Nelsão – Então você havia se tornado um jornalista...

Marcos H. Guimarães – Eu fazia “bico” na universidade, peguei inicialmente uma bolsa destinada a estudantes carentes, que era de meio salário mínimo, depois fiz pesquisa para o Datafolha, viajei o estado todo. O curso era de manhã e pela noite, o que inviabilizava o trabalho em tempo integral.

Blog do Nelsão – E então...?

Marcos H. Guimarães – O começo foi difícil, porque como em todas as profissões tinha aquela coisa da influência, do quem indica. Eu não tinha ninguém, porque minha família era simples. Só que quando eu me formei, eu já havia ganho um grande concurso de Literatura em nível nacional, que foi o concurso do Jornal Nicolau. Era um periódico do governo do Estado do Paraná, dirigido pelo escritor e jornalista Wilson Bueno, um dos maiores escritores do Paraná, já falecido. Naquela época, o Jornal Nicolau tinha 200 mil exemplares que eram enviados até para as universidades européias. Depois eu passei a fazer uns bicos lá, com literatura. Dava uns troquinhos...Isso me ajudou muito no início. Abriu as portas...

Blog do Nelsão – E você acabou virando assessor de deputada federal, como foi este história?

Marcos H. Guimarães – Bom, eu comecei a publicar meus contos, esporadicamente, para o Caderno G. Eu tinha um amigo lá, o José Carlos Fernandes, a quem agradeço muito, que era o Editor do Caderno G. Um rapaz simples, um dos três ou quatro “pobres” que fizeram a Federal, porque um dia eu tive o acesso a lista dos alunos do curso de Jornalismo e só haviam três ou quatro “pobres” que haviam estudado em escola pública, e ele era um deles, como eu. Ele gostava do que eu escrevia. Então, em 1997, eu lancei o meu primeiro livro, “O Segredo de Arian”. Uma edição artesanal, bancada por mim mesmo...E eu saia vendendo aqueles livros de porta em porta. E também resolvi então montar um jornal, depois fui assessor de Sindicato, de vereador em Curitiba, e outros tipos de trabalho na área de jornalismo. O que tinha eu fazia...Aprendi tudo praticamente sozinho: diagramar, fotografar, filmar...

Blog do Nelsão – E como você montou um jornal? Você tinha recursos?

Marcos H. Guimarães – Não tinha nada, nem computador eu tinha. Fiz um boneco do jornal, coloquei uma pasta de baixo do braço, e fui de porta em porta, no comércio da minha região. Eu emprestava o computador de algum político de esquerda: “Dá para usar um pouquinho?”. Acho que um dia eu bati lá no escritório do Dr. Rosinha, que hoje é Deputado Federal e falei para a “Santa”, que era secretária dele: Santa, posso usar o computador? E ela deixou. Ai eu consegui editar o primeiro número do “Expresso Oeste”, que é o primeiro jornal da região Oeste. Um dos primeiros de Curitiba. Tinha só uns quatro ou cinco na cidade toda. Vivi às custas do jornal uns cinco anos... Trabalho duro, quase todo dia além do horário, sem sábado, domingo. Vocês sabem como é, quem trabalha por conta. Acho que fiz um bom trabalho: toda a história das famílias mais antigas e a tradição do meu bairro estavam naquele jornal. Eu nunca vendia espaço para políticos. Nunca fui "mercenário" da política. Os políticos que eu acreditava, de esquerda, colocava de graça. De alguns, até me arrependo agora, mas na época, sempre foram os melhores. Eu cheguei a ter uma entrevista exclusiva com o Lula, com o Ciro Gomes. Os jornais estão todos na Biblioteca Pública do Paraná. Parte da minha história e do meu bairro está lá. Denunciei muita coisa errada, ajudei muita gente. Era o período do Lerner, do Taniguchi, esses neoliberais que desmontaram o Paraná e são adorados pela mídia. Chegamos a ter 10 mil exemplares...

Blog do Nelsão – E o teu trabalho voluntário?

Marcos H. Guimarães – Sempre fiz isso. Eu fui presidente de Associação de Moradores no meu bairro. Tenho inúmeros certificados de participação em eventos comunitários: conferências de Saúde, ambientais, este tipo de coisa. Logo depois que eu me formei, convidei minha irmã e meu cunhado, para montarmos um cursinho gratuito de vestibular. Isso tá registrado no meu jornal. Tenho fotos da turma. Eu dava aula de literatura, minha irmã de português, porque ela havia cursado Letras também na Federal, e meu cunhado de Pintura, desenho e artes, porque havia se formado na Embap. Então, eram uns pobres tentando ajudar os outros, porque eu nunca fiquei rico. O que eu tenho hoje é uma casinha, que construi em 20 anos e uma loja que é herança de meu pai. Depois eu cedi gratuitamente esta loja que era do meu falecido pai para ser sede da Associação de Moradores, depois emprestei para o PT, sem custos, durante anos, no tempo em que o PT era o PT, todo mundo era simples. Em nosso jornal, sempre ajudávamos quem podíamos. Todo tipo de associação sem fins lucrativos, as reivindicações da comunidade. Eles chamavam e a gente ia lá, de ônibus, a pé, porque eu nunca tive carro mesmo...Ai tem a militância partidária, sempre tendo que achar um horário livre...

Blog do Nelsão – E você teve graves problemas de saúde...

Marcos H. Guimarães – Sim, tive graves problemas de saúde, um caso agudo de estress, que se complicou depois do mandato da Dra. Clair. Porque eu sempre trabalhei muito e a pressão era grande. A Dra.Clair lutou contra grandes interesses econômicos, conseguiu anular a 8ª Rodada de Leilão do Petróleo, entre outras coisas. Imagine o interesse desta gente e a pressão que eu sofri. A Dra. Clair, que foi a primeira Deputada Federal do Paraná, é uma pessoa séria e eu tenho muito orgulho de ter trabalhado com ela. Quando estive doente, na fase mais difícil, ela me ajudou muito. Eu tive que praticamente reconstruir minha vida, porque é difícil você ter uma enfermidade e ter que lutar contra ela todo dia, tomando remédios. Mas em vez de ficar chorando em casa, deprimido, eu pensei: tenho que fazer alguma coisa para me tornar um ser humano melhor e contribuir com a sociedade. Escrevo meus poemas, dou minha ajuda voluntária para o Instituto Reage Brasil, tento manter o meu blog...Faço isso de forma voluntária, nunca cobrei nada. Isso foi recomendação do meu médico: tentar ser útil, tentar organizar minha vida. Eu agradeço minha mulher, minha mãe, meus amigos, entre eles o Nelsão, a Dra. Clair que sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos...

Blog do Nelsão – O vereador Wilson Andrade levou a público teu problema de saúde em uma sessão da Câmara...

Marcos H. Guimarães – É, ele usou isso, e eu sinto muito que o tenha feito, porque ele talvez não saiba o que é acordar todo dia e ter que depender de remédios para poder levantar da cama, o que é tentar organizar a sua vida depois de um problema grave, lutar contra a depressão, ter acompanhamento médico. A vida da gente muda muito por isso, a gente tem que ter limites que antes não tinha. É muito difícil se adaptar. A família, os amigos, o lado profissional, a saúde. Isso é uma coisa pessoal, que a gente não gosta de expor a ninguém. Eu conheço o Nelsão há uns quinze anos, ele sempre nos ajudou aqui no bairro, nunca cobrou nada por isso. Em cada protesto, ele estava aqui, sempre lutando por todo mundo. Aqui nem era o bairro dele. Por isso eu vou à sessão da Câmara fazer as filmagens uma vez por semana, pelo Instituto Reage Brasil. É o pouco que eu posso fazer para tornar o mundo melhor. Sinto não poder ajudar mais, porque, infelizmente, devido ao meu problema de saúde, é isso que eu posso fazer...e com muito esforço pessoal. Tem dia que faço um grande esforço, porque eu sei que é o interesse da comunidade que está em jogo. Eu tenho preocupação com minha imagem pessoal, como ser humano, como o profissional respeitado que eu sempre fui , pela luta que sempre tive pelo meu país, pelo que trabalhei a vida toda, pelo meu sacrifício pessoal, pela história da minha vida. Isso é reconhecido por muita gente, meu lado como escritor, como militante nos partidos onde atuei, no PT, no Psol e agora no PV. E vejo agora tudo isso jogado no lixo, por alguém que pretende me humilhar publicamente por um problema de saúde.

Blog do Nelsão – Isso te afeta emocionalmente?

Marcos H. Guimarães – Claro que me afeta. Você gostaria que alguém te chamasse de alijado publicamente? Que levasse detalhes de tua vida pessoal para alguma comunidade? Que usasse isso politicamente para te desmoralizar? Ele deve saber o que está fazendo e as conseqüências deste tipo de procedimento...Além disso, minha mãe passou por um recente transplante renal, e isto trouxe preocupação para toda a família. Esteve internada uns dois meses atrás, na UTI da Santa Casa. Semana retrasada, dois assaltantes entraram na residência de nossa família, de arma em punho, levaram o carro da minha irmã. Eu e minha família ainda estamos traumatizados com tudo isso...Minha irmã está tendo que tomar remédios. Mas eu continuo tentando levar a vida...

Blog do Nelsão – Bom, vamos mudar de assunto. Você vai lançar um livro...

Marcos H. Guimarães – Vou ver se lanço um livro em julho. Ao longo de todos estes anos, tentei não abandonar minha vocação que é a literatura. Então, consegui reunir alguns poemas meus escritos nos últimos 10 anos e pretendo lançar em julho. Eu quero provar para todos que se a gente se esforçar, a gente consegue se superar. Quero que minha vida sirva de exemplo para todos que tem algum problema de saúde igual ao meu. É isso que eu penso todo dia: nunca desista, lute sempre. Eu sei que não é fácil, você conta cada tijolo que coloca na construção. Quando alguém te incentiva, quando te dá uma oportunidade. O fato de você ter alguma doença, não te impede de tentar ser útil para a sociedade, de ser respeitado. Uma doença não te faz um inválido completo. Por mais que muita gente tente te humilhar, discriminar e ser preconceituoso por motivos mesquinhos.

Blog do Nelsão – E já tem o nome do livro?

Marcos H. Guimarães – Ainda não. O nome é a parte mais difícil. Minha mulher esta me ajudando muito, ela é designer, vai fazer a capa e acho que vou deixar para ela escolher o nome. Eu não consigo ficar mais do que duas horas no computador, porque tenho que descansar. Então, ela me ajuda, às vezes eu dito para ela escrever. Ela é uma grande companheira.


Blog do Nelsão - Muito obrigado.

Marcos H. Guimarães – Muito obrigado a vocês, ao Nelsão e ao Instituto Reage Brasil, que me deram esta oportunidade, mesmo sabendo das minhas limitações. É uma coisa simples, mas isso faz com que eu me sinta vivo, sendo útil para alguma coisa. Sabe quando alguém acredita em você? Quando alguém diz: não desista? Acho que se não fosse isso, se alguém não acreditasse em mim, mesmo em meu trabalho voluntário, eu me sentiria uma pessoa excluída, marginalizada, e teria mais dificuldades para tentar me recuperar. E eu sinto que as pessoas gostam de mim, porque sou uma pessoa que procura fazer a coisa certa, que procura ajudar no que pode.

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