terça-feira, 5 de julho de 2011

Nosso tempo: Os hackers e a Rede Social

Ótimo texto de @MirandaSa_

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Nada de volta do passado, nem viagens (ainda) irrealizáveis ao futuro; devemos viver o nosso tempo, da Rede Social ameaçando os poderes e os hackers devassando os segredos da meia dúzia que subtrai a informação dos povos.

Isto ficou transparente com as incursões do Wikileaks nos arquivos do Departamento de Estado dos EUA. Essa entidade nada tem de pirata; é uma organização legal sediada em Estocolmo, que divulga documentos, fotos e informações confidenciais de interesse público, tiradas de arquivos governamentais e empresariais.

Certos dados diplomáticos que estavam armazenados em pastas sigilosas de vários países foram publicados sob o aplauso geral e – por uma dessas coincidências históricas inexplicáveis – expandiram-se juntamente com a ação das redes sociais do Norte da África, derrubando as ditaduras tunisiana e egípcia.

Foi uma explosão na Web que assustou os donos do mundo. A aragem democrática nos países árabes que resultam nas deflagrações populares do Iêmen, Líbia e Síria são conseqüências da comunicação através da Rede Social, que informa, mobiliza, organiza e lidera coletivamente, sem os políticos profissionais, partidos e organizações civis com fins de conduzir a sociedade.

Será que este trabalho pode ser considerado um “ataque de hackers” como querem – no Brasil – os detentores do governo federal? Não, enquanto as invasões forem executadas para o bem, contra o totalitarismo, a corrupção e a cooptação dos movimentos sociais e populares pelo suborno e a chantagem.

Para salvaguardar a Democracia ameaçada pelo corporativismo embutido no populismo, o novo movimento social e popular das redes virtuais. Não se trata de conspirações virtuais, mas de uma ação concreta de guerra ao poder corrompido pela degeneração dos seus quadros partidários.

No Brasil, as incursões de hackers me parecem amadorísticas pó não terem, até agora, acenado para as campanhas ativas da Rede Social. Eles invadiram arquivos do governo federal registrando presença ou tirando do aros sites da Presidência da República, Petrobras, Receita Federal, IBGE e ministérios do Esporte e da Cultura.

Agiram também, pontualmente, no Senado Federal, Universidade de Brasília e alguns órgãos estaduais nas Minas Gerais, em São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia em ofensivas virtuais inconsequentes.

O desencontro entre os hackers “do bem” e a Rede Social é lamentável. Os protestos mobilizadores levantados no Twitter, Facebook, Orkut e outros, como no caso Palocci, a greve dos bombeiros do Rio de Janeiro e mais recentemente a imoral entrada do BNDES em negócios particulares do empresário Abílio Diniz poderiam ter sido fortalecidos com essa reunião.

Igualmente seria uma boa sugestão, que uma frente informatizada da Rede Social e dos hackers do bem participasse não apenas das contestações populares, mas também das lutas reivindicatórias do proletariado, e, inarredavelmente na defesa do meio ambiente.

No nosso tempo, assistimos o enfraquecimento da representação política, as instituições republicanas, os partidos, os sindicatos e demais associações de classe. Diante deste quadro, vemos a projeção do conflito entre a cidadania e a supra-estrutura política, sem outros meios de participar senão através da Web.

No Brasil, a insurreição virtual tornar-se-ia forte, física e moralmente, se a informação sobre os relacionamento anti-povo de governantes e empresários fosse divulgada pelos que dominam a nova tecnologia da informática.

É isto que classificaríamos como a vanguarda sócio-política. Colocar o instrumental tecnológico a serviço dos reais interesses da Nação restauraria a esperança na República pondo nos seus lugares os poderes Executivo, Judiciário e Legislativo para cumpria suas reais finalidades.

Contra esse objetivo de salvação nacional, as forças reacionárias levantam-se contra por hackers sem distinguir, como fazemos o pirata do revolucionário. Pedem legislação dura e punições severas ao que chamam a revelação de conluios ”atentados ao serviço de utilidade pública”.

Com tal acusação, se enforcaria Tiradentes de novo, mas hoje esta coisa é difícil graças a uma arma política cada vez mais democratizada, o computador.

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